Author: César, Valéria, Lara e Anaclara
•21:58
Mais uma pra série "Coisas que só acontecem por aqui." Há duas semanas atrás, no sábado deve ter sido o dia nacional das vendas de garagem no Canadá. Onde você andava, topava com uma garage sale, yard sale ou moving sale. Minha esposa foi passear com a minha caçula pra dar uma olhada se achava algo interessante e minha filhota foi andando com o Ipod na orelha e cantando a altos brados. Foi quando uma senhora que estava organizando uma das vendas se aproximou da minha esposa e disse que todos os dias vê minha filha cantando, indo e voltando da escola e queria dar um presente pra ela. E não é que ela deu um violão que ela estava vendendo. O violão novinho, novinho. Até parece que não foi usado. Agora dá-lhe violão o dia inteiro aqui em casa. Eu acho o maior barato.

E a vida segue...

P.S. - Aproveitando, queria demais agradecer do fundo do coração a todos vocês meus amigos que comentaram o último post, mandaram um email ou enviaram pensamentos positivos. Só vocês pra darem essa força que move a gente pra frente.
Author: César, Valéria, Lara e Anaclara
•22:22
Ontem, pela primeira vez desde que chegamos tive vontade de voltar correndo pro Brasil. Estava trabalhando e um cliente veio me perguntar se podia dar um conselho sobre qual produto usar pra uma determinada situação. Não era um problema de não entender a língua. Eu entendi o que ele queria, mas sinceramente não tinha idéia do que aconselhar, porque não conheço grande parte dos produtos canadenses. E lógico que não iria de forma alguma dar uma sugestão errada correndo o risco de piorar a situação dele. Desde que comecei a trabalhar na Canadian Tire, quando eu tenho uma dúvida eu pergunto pra alguém pra aprender. Eu nunca perguntei algo 2 vezes. Nunca mesmo, eu gravo a informação e pronto. Fora o tempo que gasto lendo sobre os produtos e aprendendo. Com essa tática, tenho melhorado muito desde meu primeiro dia, quando não conhecia absolutamente nada.
Me aproximei de um dos caras que trabalha comigo e ele me surpreende dizendo: "Será que você não pode tomar uma decisão sozinho? Tenho muita coisa pra fazer." E nem fazer a pergunta, eu tinha feito. Aquilo me deu um baque. Me senti a mosca no cocô do cavalo do bandido. Fui até o banheiro e confesso que cheguei a chorar, pensando que se estivesse no Brasil, eu não teria esse problema. Ele até veio depois me pedir desculpa porque tinha sido grosso comigo e eu falei pra não se preocupar. Ele pode ficar tranquilo que nunca mais pergunto nada pra ele.
Quando resolvemos mudar pro Canadá, sabiamos que encontrariamos situações como essa. Eu sei que os canadenses não tem obrigação de ajudar um imigrante com suas dúvidas, entendendo que todo dia é um grande aprendizado pra nós, que tudo é novo pra gente. Alguns tem paciência, outros não. Após 5 minutos de tristeza, passei até a achar bom aquilo. Agora tenho mais um motivo pra me empenhar e conseguir logo algo na minha área profissional, onde não passarei por situações como essas, porque lá eu tenho o domínio da situação. Bola pra frente que quando eu menos esperar estarei de volta pro que realmente gosto de fazer.

E a vida segue...